Uma eterna adolescente


[AVISO]: Tudo que será dito a seguir já foi pensado, questionado, escrito, lido, dito e ouvido por muitos por aí, entretanto, o objetivo aqui é o simples e puro desabafo.

Estive recordando minha adolescência – “a pior fase da vida”, que é como pensamos quando estamos nela. E depois também – e as figuras que conheci no colégio nessa época. Lembro-me das várias tribos que circulavam por aquele imenso espaço. Havia as patys, os maurícios, os descolados, os roqueiros loucos por Iron Maiden, os pagodeiros, os cus-de-ferro, os socialistas... e a galera que não se encaixava em nenhum desses grupos, como eu. Todos se juntavam por afinidade, por gostarem das mesmas coisas ou só para poderem fazer parte de algum grupo mesmo. Ah, como eu gostava daquela diversidade!

É fato que esses grupos tinham lá suas regras e para ser benquisto, ou não, bastava segui-las, ou não. E depois de vinte e alguns anos percebo algo irônico (OoOoOoOoh!): a sociedade da qual eu, tu, ele e ela fazemos parte (é, eu sei!) é uma eterna adolescente. Não por unir as pessoas pelo que elas têm em comum, mas por ditar regras, criar convenções e fazer com que se tenha que provar coisas o tempo todo, para, então, ser “aceito”. Do contrário, ela está sempre preparada para a estigmatização. Exemplos disso não faltam.

Quando somos crianças inocentes, somos instruídos a evitar contatos entre meninos e meninas o máximo possível. Tudo para evitar namoros precoces. Porém, se passarmos dos vinte sem apresentar alguém do sexo oposto como paquera ou namorad@ para papai, mamãe, man@s, gato, cachorro e papagaio, começam a criar fantasias e histórias com grandes possibilidades de render dramas dignos de novelas e filmes. E aí, vem o carimbo: homossexual. Quando se é homossexual, isso pode ser o pontapé para um enfrentamento ou mais uma pedra no sapato. Mas, e se você não for? Não tem o direito de não ter encontrado alguém por quem se interesse ou de simplesmente não querer se relacionar? A resposta: não!

Outra coisa impossível: não seguir a moda, as tendências para roupas, sapatos, cortes e cores de cabelos, os biótipos magérrimos ou sarados, tudo muito importante. Para quem vive de aparências. Basta ousar não se importar com isso para o implacável carimbo entrar em ação novamente: brega, alternativ@, largad@, maconheir@...

Mais? Que tal ser apontado por ser "louco", burro, inteligente, tagarela, calado, cabeludo, careca, negro, branco, índio, pobre, rico, jovem, velho, mulher, cego, surdo, mudo...?

É, ninguém, ou quase ninguém, escapa.

O mais phoda (com ph) disso tudo é que, como já disse, somos eu, tu, ele e ela que levamos isso adiante, que repetimos e repetimos e repetimos essas atitudes, nos machucando mutuamente, sem dó nem piedade.

Afinal, quando vamos crescer?

1 comentários:

Anônimo disse...

E que tal ser tachada de metida, idiota e maluca só por, respectivamente, ser tímida, gostar muito de coisas que poucos a seu redor ligam e falar consigo mesma?

Postar um comentário

Obrigada!