Dia dos namorados



                                            
Dia dos namorados está aí. Seguinte: eu não tenho um, a falta é grande (como diria Cabeça, minha amiga), mas não estou desesperada. Muita gente fica triste, deprimida, fossa total. Eles sim, eu não. Minha vida já é um drama, não vou me deprimir por tão pouco, né? Tenho mais o que fazer! Minha vida acadêmica me consome demais, não tenho tempo nem pra dormir e segunda-feira tenho uma prova. Se ficar me lamentando, chorando, não estudo. Daí eu tiro zero e o drama só tende a crescer.
Eu nem deveria estar aqui. Já que estou, vou deixar um texto que me identifiquei muito, de uma guria que escreve muito bem! Ela chama-se Camila Paier, é gaúcha e arrasa nos textos.


O texto:

Pré-Requisitos ao meu Futuro Ex-namorado

Não é novidade nenhuma que eu ando estupefata do que disponho, amorosamente falando. Que quero novidade, e que preciso de inovação, já gritei em caps lock, berrantes e agudas; e acredito que, quase o mundo inteiro pôde me ler. Ou, escutar. Não reclamo de não ter um namorado. Só passarei o dia doze solitária, por opção. Acho muito mais bonito passar com um real namorado, do que com qualquer companhia incompleta. E como a minha vida amorosa anda mais vazia do que bolso furado, fica fácil imaginar uma pessoa ideal. Imaginar, e não ter. Porque metade da laranja, e alma gêmea, univitelina ainda por cima, não existem. O que existe é alguém que caiba na nossa rotina e que se adeque ao nosso dia-a-dia. Que goste da gente, na mesma medida métrica que a gente gosta dela. Mas apenas por hoje, e por alguns momentos, não me custa proferir o que quero. E o que acho digno, na minha grande exigência, que um homem tenha.
Charme é essencial. Primeiro lugar, topo das paradas. Es-sen-ci-al. Uma voz que gruda e faz fugir pensamentos, um jeito todo especial de escrever, de batucar os dedos com ritmo e desventura sob os móveis. Não precisa de beleza perfeita, e cabelos loiros e olhos azuis. Mas o charme, sim. Aqueles nos gestos, e nos modos à mesa. Ou frente à toda e qualquer situação. Esse combo que faz atrair, faísca que explode num olhar. Talvez esteja o charme, na autenticidade. Em ter um jeito único, de tudo. Ser autêntico, é charmoso, sim. Mas é como se esse borogodó, apenas sustenta-se todo o resto. Árvore que segura os galhos, mas pode deixar cair. Sozinha, não sobrevive. Inteligência é outro quê que faz pensar, "puxa, mas como eu não sabia isso", "será que ele sabe sobre tal coisa?". Fundamental. Afinal, de que adianta todo esse sex appeal, e desenvolver um papo que não fluí, não saí do chão? Nada, estanca apenas no físico e nada mais.
Ser sincero é tudo. Faz milagres, e dá crédito, seja no começo, ou no final de qualquer relacionamento. A gente só crê naquilo que acredita; e como acreditar em alguém que não nos passa a mensagem final de, estar falando a verdade, seja tão horrenda qual for? Sinceridade é uma ótima. Gostar de natureza, maravilhoso. Homem sem frescura, com jeito de homem, dá a sensação de conforto que qualquer mulher precisa - e aprecia. Que mata barata, dorme em saco de dormir, e não se importa se o seu cabelo está bagunçado, ou em emprestar um pijama. Homem com H, isso sim. Que pode não entender muito sobre moda, e nem se interessar, mas que não faça a combinação bizarra de duas estampas, por favor. Que pelo menos, opte pelas cores sóbrias e básicas, tão fácil de se combinar entre as mesmas. E não use toca de frio (muito menos de banho, por favor..), calça sureca, ou regata se pra isso não tiver porte. Óculos de sol, somente quando os raios solares infiltrarem a rua e a janela. E só. Barba. Adoro barbas. Mas não no estilo Los Hermanos, e sim aquela que roça, que dá charme..Por fazer, ou de três dias: um must. Tem que ter! Cara de pivete, não faz muito meu estilo. Porém, atitude conta mil vezes mais, do que rosto. Que seja romântico, mas não grudento. Mande flores, e alguns bilhetes apaixonados. Mas ocasionalmente, e não, sempre. Que tenha um emprego legal, e queira prosperar nisso. Ou em outra área, mas que pense grande, tenha seus pensamentos voltados para frente, pro futuro. Que assista ao futebol, e te leve junto - se você ainda não é desse mundo, que faça você se interessar. Não precisa ter o mesmo gosto musical que o seu, mas que tenha mente aberta para poder, ouvir sem reclamar, e começar a apreciar, as excentricidades que você escuta. E o mesmo, com você. Que use um perfume marcante; mas apenas depois do meio-dia. Que sente sob uma árvore, converse sobre todos os assuntos possíveis, em horas intermináveis, tomando litros de chimarrão. Que não seja demasiadamente velho, mas sim, tenha maturidade.
E o principal, e que não pode faltar: que goste de você, do jeito que você é. Acordando pela manhã, com a pele ainda marcada pelo travesseiro, correndo no parque e suando à bicas, brincando com o cachorro no parque, e fazendo caretas infantis. De roupa, e sem. Lendo, e cantando. De qualquer maneira exótica e diferente, que é o que sei ser.
Um último conselho, então: e que você goste dele, e aceite cada pequeno defeito, com muito amor. Amor de igual pra igual, na mesma medida exata da fita métrica. E mesmo que não sejam felizes juntos, que seja eterno enquanto dure!
Um p.s., que se aplica à mim apenas, mas que acho válido: que não dance, por favor. Grata!


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1 comentários:

Debora disse...

Óooooh que lindo!!! Adorei o texto e me identifiquei profundamente. Li a descrição do meu namorado, inclusive no "p.s.": ele não dança! Não sabe, nem gosta. Exceto quando insisto em um "dois prá lá, dois prá cá"
Gostei muito do texto. Foge (na minha opinião) dos lugares comuns expostos pela mídia, novela... não que o texto não tenha lugares comuns, mas são situações verdadeiras, que realmente surgem num namoro, e não verdades fabricadas. Repito que é a minha opinião.
Parabéns mais uma vez. Divulgue mais o seu blog.

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